domingo, dezembro 16, 2007

UMA CRÔNICA.... Significados ou Liberdade!

POR QUE NÃO ?

Fragmentos Introdutórios

Malas nas costas (literalmente), coração aos pulos - tum, tum, tum - calafrios (espécie de frios-quentes), medo e desejo se misturando cada vez mais....

Dez dias de insônia. Olhares que se cruzaram sem quaisquer compromisso de concretização de uma história.

Uma ciranda, sedução, jogo, dois corpos próximos ao som de alguma coisa que acontece no meu coração entre a Ipiranga e a São João, onde se localiza a Viação Aérea de São Paulo. Destino? Maceió.

Boa Viagem (RE)...


Maceió, 13 de outubro de 2000 - Lua Cheia

Silêncio interior. Barulho de carros, pedestres, buzinas. Ouve-se passos que se destacam dos demais pelas especificidades de seus anseios.....
UMA PRAÇA. Praça do Centenário.
Ela, numa ponta da praça, indumentária: calça tipo cigarrete preta, blusinha branca e sandálias, nas costas uma mochila que parecia conter os anseios do mundo, peso. Ele, surge de uma outra ponta, calça preta, blusa bege e sapatos. Nas costas? Uma mochila também, menor do que a dela, porém passível de abrigar anseios..... Nas mãos uma garrafa d'agua.
Pronto! Era disso que ambos precisavam, ÁGUA, muita água...Água pra acalmar a ansiedade, a taquicardia, para apagar o calor que tomava conta de seus corpos e para produzir salivas, salivas para as próximas palavras que diriam um ao outro.

- Oi, eu vim! Ela estava por demais nervosa, tentava disfarçar, mas, imediatamente se traiu, derrubou a preciosidade daquela garrafa de água, tão repleta de significados...

Respiraram fundo.Ele passou a mão sobre o rosto dela e agora que já não tinham mais água, começaram a andar.
Na bem da verdade nenhum dos dois sabiam ao certo o que estavam fazendo ali, lado a lado. Haviam trocado tantas expectativas, saudades, se desejado mutuamente e no entanto nem sabiam quem eram, ou será que sabiam?Talvez isso nem importasse. E sairam a andar, andar pelas ruas da cidade, dentre pessoas que, no fundo de suas almas, naquele momento nem existiam .
Caminhavam lado a lado e as vezes, afobadamente, seus corpos se esbarravam sem a menor intimidade. Agora não se tratavam mais de corpos virtuais, tinham forma, volume, peso, cor, temperatura e até gosto e cheiro, embora os dois últimos eles ainda não sabiam. Corpos que guardavam dentro de si os desejos do mundo e os medos do mundo também.
Um ônibus, UFA, agora eles já podiam sentar-se próximos, como nunca haviam sentados, já tinham dado muitas voltas em círculo e estavam prontos para começar a se olhar, se ver (3ª categoria), se descobrir... Momento de constatações e surpresas: olhar as bocas, os olhos, os sorrisos, os jeitos.... Enfim, começaram a se REDESCOBRIR!
E a viagem começou, ou melhor, continuou....
VIAGEM (S.f. ato de ir de um a outro lugar relativamente afastado), este seria um verbete bastante apropriado para definir tal situação. Se tratava de um afastamento no tempo, no espaço, na órbita e na imaginação que, agora, migrava de IMAGEM para AÇÃO. Uma viagem que transcendia duas vidas fincadas em mundos seccionados e que por opções irracionalmente concretas romperam a barreira do monótono cotidiano e se permitiram acreditar em sua intuições.
Estrada reta, caminhos sinuosos...Belo dia ensolarado, sereias sobre o mar. Dois olhares timidamente permitindo um encontro... Era como se pedissem licença um pro outro: Posso penetrar no seu mundo? E, contraditoriamente,  ao mesmo tempo em que buscavam um intercâmbio entre seus mundos, este momento só existia porque haviam deixado seus próprios mundos.
Ai... Primeira parada, agora começavam a sentir-se mais soltos, mais leves, como se trocassem seus sapatos e sandálias por confortáveis chinelos, como se molhassem os pés no mar, como se simplesmente contemplassem crianças brincando de quebrar potes....
Ali já sabiam que aquela história, como quase todas as histórias do mundo, não era repleta de verdades, tinha mentiras necessárias para torná-la verdadeira... e ela telefonou. Se viram verdadeiros nas suas mentiras e mentirosos nas suas verdades!
Outro carro, de volta a estrada... A estrada que os levavam deus sabe pra onde. Eles também não sabiam qual seria o caminho escolhido ou quais seriam os caminhos a escolher, a percorrer e a regressar. Agora o carro era menor, bem menor, mais confortável.... como se aos poucos eles fossem chegando cada vez mais perto do espaço interior um do outro, aos poucos, bem aos pouquinhos, iam escrevendo está história num papiro branco.
Dúvidas ? TODAS DO MUNDO. Desde sempre, desde que seus olhos se cruzaram numa ciranda ou seus corpos se conheceram numa dança... Pra onde ir ? Não sabiam nem ao certo se deveriam ir, quanto menos pra onde!
E voltaram a andar. Andaram, andaram, suaram. Ela era bem mais leve do que quando se encontraram na Praça, pois a mochila que guardava o peso dos seus anseios estava sobre as costas dele...
Se cansaram? Sim, cansaram. Mas ali, naquele momento, já se gostavam e a Barra de Santo Antônio respirava tranquila porque via-os bem.
Era uma história tão sem nexo, tão aparentemente sem lógica, afinal desejo, paixão são coisas equivocadamente apresentáveis sem lógica, que parecia ser preciso ainda mais.... Transgredir o continente, atravessar a água (que é a mais pura representação dos sentimentos) e atracar num outro território, num outro mundo, numa outra tela, como num filme onde a LUA se encontrava no camarim, se despindo para que na sua mais nua beleza iluminasse e brindasse aquele momento ímpar, quando assim eles a solicitassem.
Era uma ilha, no imaginário popular símbolo do isolamento - Quem você levaria para uma Ilha deserta?-, e de repente o destino lhes jogou ali. Nela dois mundos estranhos foram convergidos pra uma história em comum. Uma história que a cada momento colecionava mais dados, mais detalhes, mais imagens...Imagens como a daquela canoa que os ligara aquele outro mundo.

E novamente, saíram  a andar.... Poxa, como andaram.... Andavam há dez dias sem nem perceber!Seus corpos estavam cansados, pediam, suplicavam, por aconchego, repouso, banho, sossego....... e encontraram!Demorou, mas enfim, encontraram. Era um casebre....Um gracioso casebre que agora abrigara seus corpos e seus pertences... Um casebre que sabiamente impedia a visão da paisagem dos fundos, aquela que representara o dia a dia, o previsível, o estático e, ao mesmo tempo, AMPLIAVA, ABRIA, ESCANCARAVA o cenário da janela da frente....Que pena, mas somente os dois, ELE e ELA, puderam conhecer a paisagem da frente!

Bem, agora já não tinham mais malas nas costas e suas antenas telefônicas estavam temporariamente desligadas do mundo. Seus corpos eram, jaz, mais leves, mais limpos....Já haviam olhado pra si, olhado entre si e olhado ao redor. Escutado as palavras do mar e contemplado a rara beleza da Lua. ENTÃO, com a coragem que somente os valentes neurônios embebecidos no álcool ousam alcançar, lá estavam eles, finalmente prontos. Prontos para se tocar! E se tocaram... como se tocaram!
É, ela estava lá, de testemunha! Quem???????????????? A LUA!
Estava CHEIA, tão cheia.... cheia de orgulho! Orgulho porque na história da humanidade foram poucas, pouquíssimas as vezes em que ela pode presenciar tamanha insubmissão. Onde duas pessoas inconsequentemente "arrancaram" gravatas, paletós, vestidos longos, regras, conveniências, tempo, lógica, espaço e medo SIMPLESMENTE pra se olhar e se tocar.
SE OLHAR e SE TOCAR.... algo que parece tão pouco aos olhos de muitos!

AH, a Lua aplaudiu e o Mar se embriagou!
Para Lua e o Mar, enquanto compartilhavam e contemplavam aqueles instantes, nem perceberam ou se lembraram do quanto eram espacialmente distantes!

Lua e Mar, lado a lado, metaforicamente como Ela e Ele, faraway, so close...

E enquanto viveram, Ela e Ele, esta história em comum, foram aprendendo um pouco mais sobre as contradições, os paradoxos, as metáforas, enfim, as figuras de linguagens do mundo...

"E pensar que tudo começou a partir de uma pergunta: "Por que não?"
A pergunta mais perigosa que existe, a mais subversiva.
Por que não, se eu quero sim!
Não se perguntem nunca, não se perguntem "por que não?". A MENOS QUE VOCÊS QUEIRAM SIM!"

out/2000

quinta-feira, setembro 27, 2007

JUVENTUDE

É preciso avisar toda a gente
dar noticia, informar, prevenir
que por cada flor estrangulada
há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente
segregar a palavra e a senha
engrossar a verdade corrente
de uma força que nada detenha

É preciso avisar toda a gente
que há fogo no meio da floresta
e que os mortos apontam em frente
o caminho da esperança que resta

É preciso avisar toda a gente
transmitindo este morse de dores
é preciso, imperioso e urgente
Mais flores! Mais flores! Mais flores!

João Apolinário

segunda-feira, agosto 06, 2007

O Poema do semelhante

Eh mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.

Elisa Lucinda

Segredo inviolável

""Grite", ordenei-me quieta.
"Grite", repeti-me inutilmente com um suspiro de profunda quietude. (...)

Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável."

Clarice Lispector

terça-feira, abril 24, 2007

Merije...par de luas!


FELICIDADE É UMA VIAGEM


se felicidade é uma viagem

eu tô fazendo a coisa certa

tô seguindo o meu caminho

de coração e cabeça aberta

sem hora para chegar

apreciando a paisagem

fazendo o melhor que eu posso

pra não ficar na saudade

porque felicidade é uma viagem

não tem idade

não é bobagem

é só uma viagem


Wagner Merije


www.myspace.com/coletivouniversal




segunda-feira, abril 23, 2007

OGUNHÊ, Salve Ogum! - 23 de abril


Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.

Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.

Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo Pierre Verger. Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.

Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.

Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

Características dos Filhos de Ogum

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.

Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.

terça-feira, abril 17, 2007

“Tá lá o corpo estendido no chão...”

Ainda não era nem meio-dia, a manhã não tinha sido das melhores e minha cabeça tinha um turbilhão de coisas passando.Terremotos, tratores e procura de caminhos.
Como nosso corpo não é desconectado, fragmentado, despedaçado, se a cabeça estava nesse estado os outros órgãos caminhavam para sensações desgostosas. Náusea no aparelho digestivo. Pele opaca. Coração disritmado. Respiração curta. Olhos embaçados  Pés grandes para o tamanho do calçado.
Meio a tudo isso um trânsito fora do habitual também emperrava o movimento. Emperrava meu movimento, o movimento da via pública e de todos ao meu redor. Emperraromovimento.
Aí eu olho pra compreender o motivo do amontoado de carros e vejo um carro de polícia. Por detrás desse sinalizar está lá...
tá lá o corpo estendido no chão..”
A polícia civil faz a perícia. Uma moça de luvas vai retirando tudo dele ....pera aí, pera aí..
SÓ UM MOMENTO DE REFLEXÃO: tudo o quê? Se ele não tinha nada.

Voltando.
Era um homem, negro, magrelo, sem camisa, cabelo com nuances brancas, devia ser um pai de família, sim devia.
Pra mim não importou naquele momento se ele roubou, matou, fez uso de substâncias toxicas, estelionatou, poluiu o ar...Pra mim só valia pensar nas pessoas que mantinham algum tipo de afeto por aquele homem.
Uma vida. Uma porra de uma vida a menos na calada da noite paulistana.
Uma vida a menos no país, na América do Sul, no mundo, no universo.
Uma porra de uma vida a mais nas estatísticas criminalistas.
Sim! Essa garantia ele tinha...de entrar para as estatísticas!!!
Que cotidiano é esse?
Onde nós temos que respirar fundo e se convencer que é muito natural esse tipo de acontecimento. Afinal as ciências políticas, sociais, humanas, globais, todas as ciências do mundo podem explicar tal fenômeno em no máximo duas laudas.
Eu, como educadora, parte do átomo social de intelectuais da sociedade peço desculpas.
Me desculpem estimados companheiros, me desculpem, mas ainda sou humana!
HUMANA. O que é isso? Gostaria que vocês respondessem!
Gostaria de como humana, tragar um vinho, colocar uma meia luz e entre cores filosofar sobre isso.
Será que isso é inadequado? É burguês? *******
Será que a família chorou a morte dele? Ele tinha família?
Será que perante a justiça dos homens ele mereceu essa morte?
Será que era carma? Será que era trabalho feito? Talvez era uma questão de mapa astral...

Não consigo achar uma explicação simples para um homem, um ser humano...matar outro igual. Sou burra?
Sou sensível? Já sei, sou dramática...claro, muito dramática!

Mas passei o dia tentando digerir aquele corpo no chão. Aquele impedimento de se movimentar.
Ele não podia se mover, claro, estava morto. Nós, rotineiramente, passando ao redor, tivemos nosso ritmo diminuído...mas.........um segundo.....mas...digo......continuamos a caminhada......
mas............cada dia......só um segundo....pera aí....
já volto....então.....cada dia acontece alguma coisa....opa...em algum canto do mundo...¨¨¨¨
que faz a gente diminuir em alguma coisa....
E aí resta a arte....a arte que denuncia, elabora, anuncia....
Mas não quero a arte como resto..........
...

Somos um coletivo...ou não somos???
# ????...::::;;;; "" _|||\\\\...!!!....:(

terça-feira, abril 10, 2007

Crônica dos dias que correm

O que foi feito com os dias compridos das crianças?! Quando eu era pequeno, mesmo quando acordava tarde, os dias eram fontes inesgotáveis de ações e pensamentos. Tudo cabia com folga nos dias lentos que acendiam a minha infância. Dava para dar muitas voltas no mundo inteiro.
O mundo inteiro era a minha rua e a rua onde minha avó morava. Numa única manhã, eu podia fazer o que hoje levaria meses. Eu brincava com Samantha, uma vira-lata pequena e alegre, guarda-costas inseparável que, se não me protegia dos perigos reais, era meu dragão protetor no universo que eu inventava. Depois de alegrar Samantha, “viajava” de bicicleta, pois no final da minha rua ficava a cidade de São Paulo, com seu trânsito congestionado, sua gente educada, que jamais se esquecia de agradecer a viagem segura de volta promovida por mim.
De São Paulo, seguia imediatamente para o Rio de Janeiro, entrava no Maracanã lotado, o Zico me dava a camisa dez e ficava com a oito, ao meu lado. Ah, como era emocionante ver a torcida rubro-negra gritando meu nome: “Charles Maravilha, nós gostamos de você!” O juiz apitava o início da partida, Zico tabelava comigo, eu driblava dois adversários, devolvia pra ele, que, habilidoso, passava a bola pelo meio das pernas do zagueiro e cruzava na área pra eu completar de cabeça, de voleio, de bicicleta, ou então, matar no peito, driblar o goleiro, estufar a rede e correr para a torcida carioca, enlouquecida com o craque que eu era!
Mais tarde, no vestiário, eu brincava com as bolhinhas de sabão que escorriam pelo azulejo do banheiro. Minha mãe batia à porta, dizia que era pra economizar luz, me apressar com o banho, mas o que era pressa naqueles tempos? Quando os dedos estavam murchos, era a hora de desligar o chuveiro. Então, deslizava a toalha sobre meus vinte e poucos quilos e enquanto aguardava meu pai para o almoço, observava curioso o tráfego eterno das formigas, que por um esforço conjunto com o Governo Federal, abriram a BR Fome Zero, que ligava a cozinha da minha mãe ao castelo suntuoso onde moravam dezenas de milhares de saúvas.
Férias de três meses, para a criança que eu era, equivalia mais ou menos a três anos-adultos com sol, seis com chuva! Os minutos imitavam as formigas em ordem e demora. Mas as formigas-minuto não chegavam a lugar algum, porque ficavam dando voltas e mais voltas no mesmo lugar. Por isso, o formigueiro-relógio não prosperava como o das saúvas. O sol fazia com as nuvens daquelas tardes um âmbar de ternura tão profunda que apenas os avós conseguem reproduzir quando olham seus netos crescerem sob a luz tênue dos fins de tarde que ainda se despedem... Adeus, Souza, Silva e Silveira! Adeus Fantin, Girardello, Orofino! Adeus Gómez, Canclini, Barbero! Adeus Bourdieu, Morin, Deleuze! Adeus crianças de outrora!
A grande novidade do final do século XX não foi a Engenharia Genética, a exploração espacial, a Física Quântica. Também não foram as tecnologias, Telemática, Robótica, Informática! O que marcou de forma definitiva a humanidade neste período foi o surgimento de uma nova família: os “Não Tenho Tempo!”, assim mesmo, com exclamação no final. Dona de todos os cartórios de registro espalhados pelo mundo inteiro, essa família promoveu uma verdadeira revolução na árvore genealógica de quase todos indivíduos inseridos nas sociedades capitalistas. Foi com muito estranhamento que recebi o telefonema de meu pai dizendo que não viria para meu aniversário. E se o sobrenome do meu pai mudou, o meu haveria de mudar também. Foi assim que comecei a perder estréias de filmes, peças teatrais, lançamentos de livros, simpósios, defesas de mestres e doutores. É mesmo assustador ver a minha nova assinatura na carteira de identidade: Charles Não Tenho Tempo!
Fiquei pensando nos problemas oriundos de relacionamentos sangüíneos entre indivíduos de uma mesma família. Mas o tempo é pródigo em resoluções: à nova família, novas famílias. Foi na Biblioteca que me dei conta de que, junto aos livros de “Gilka Não Tenho Tempo!”, fulguram também os livros da “Maria Isabel Vamos Combinar Qualquer Hora!”, da “Ingrid Se Der Eu Vou!”, da “Mônica Qualquer Coisa A Gente Se Liga!”; enfim, um fenômeno curioso que merece ser pesquisado.
E a coisa parece acelerar de tal maneira que não há mais garantia alguma de que os filhos recebam o sobrenome dos pais. Minha namorada, Raquiane Me Esqueci Completamente!” e sua filha, “Juliane Deixa Aí Que Depois Eu Faço!”, atestam essa anomalia. Também os irmãos não têm mais o mesmo sobrenome. Minha irmã agora se chama “Denise Não Vai Dar De Jeito Nenhum!” e meu irmão, “Rodivelson Como É Que Eu Posso Estar Em Dois Lugares Ao mesmo Tempo?!”
Talvez algumas crianças continuem compondo dias compridos. Talvez tenham tempo para dar várias voltas ao mundo inteiro numa única manhã. Talvez algumas dessas crianças ainda vejam nas formigas uma forma de entretenimento. A verdade é que eu cresci e me tornei mestre em Educação. Essa noite sonhei que havia aberto um jardim de infância. Como sempre faço com as coisas que amo, quis ver esse jardim de longe, por isso atravessei a rua e, num misto de felicidade e tristeza, observava as letras coloridas que compunham o nome da minha empresa: Jardim Calma, Pai, Calma, Mãe!
Meu amigo Professor Charles (mestrando em Educação e Comunicação)

segunda-feira, abril 02, 2007

AS CIDADES EM MIM

As cidades moram dentro de nós
Minhas esquinas apontam possibilidades
Algumas tem mais céu, outras tem mais terra
Têm estradas mais longas que me levam ao mar
As cidades tem luzes dentro de nós
As vezes são luzes que ofuscam a visão
Outrora luzes que colorem nossos membros
Em vezes especiais há luzes que iluminam nossos olhos

Tenho cidades dentro de mim
Os bairros das cidades apontam diferentes endereços de mim
Os mapas da minha cidade tem garagens
As garagens das minhas cidades internas
guardam as escolhas de meu destino
Quando meu destino fica embaçado
eu pego minha flanela
Minha flanela sempre limpa as
janelas dos destinos das garagens
dos bairros das minhas cidades

sexta-feira, março 09, 2007

S.I.G.L.A.S

Sistema Interno de Garantia de Língua Absolutamente Sua

SDE.SES-ESP.CPI.PSTU.APM.PEPP.PTA.UTI.ACM.
SECOM.TSE.IPF.PC.FLACSO.PCC.PDVSA.ECA.IPSO.
IFC.Bird.PIB.GM.DNA. CS.ABEL.ECAD.SDE.ABCP.
SNIC.AGU.CIMPOR.ABTA.BCE.Ebitda.CET.TCAS.
CNPJ.SEFIC.IESDE.SPPC.QG.OMS.WTCC.SEBRAE.
MINC.RB.GCM.IA.CVC.PQP.

SOS!!!!

TKS

domingo, janeiro 21, 2007

20 de Janeiro - DIA DE OXÒSSI - OKÊ!


Oxóssi, do iorubá Òsóòsì, é um orixá da caça e da fartura.

No Brasil: Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, que é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".

Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.

No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.

Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.

A curiosidade e a observação são características das pessoas consideradas filhas de Oxóssi, orixá também da alegria, da expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido.

Oxóssi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo.

Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão-de-cada dia, a alimentação da tribo costumeiramente cabe aos caçadores.

Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material.

No Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, patrono da capital carioca e, na Bahia, com São Jorge.

Em Salvador, no dia de Corpus Christi é realizada uma missa, chamada de Missa de Oxossi com a participação das Iyalorixás do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho.

fonte: wikipedia (consulte e colabore com a maior enciclopédia virtual colaborativa)

quinta-feira, janeiro 18, 2007

PIRATA - maria bethânia


E lá estava eu mais uma vez indo.
Dessa vez eu seguia em direção a hortifruti, pra comprar umas frutas e verduras.
Coloquei o novo Cd da Bethânia, que se chama Pirata e conforme fui ouvindo aquela voz, com aquelas letras, parecia que o céu ia ficando cada vez maior !!!!O céu esquecido da cidade de São Paulo ia tendo uma outra dimensão para os meus sentidos.
Fui me interessando pelo cd, cada vez mais...
Não há dúvidas quanto ao talento e sensibilidade da cantora, contudo, mais do que isso, ao meu ver esse trabalho tem um papel fundamental para a denominada Cultura Popular do país.
Maria Bethânia optou pelo resgate de diversas músicas de domínio público, além de outras canções que trazem muito da cultura local dos cantos do nosso país e, como já é de costume da artista, mesclou com poemas, desta vez do grande Guimarães Rosa.
Imaginem tudo isso alinhavado com a temática das águas como pano de fundo da obra artística. A capa também é magnífica, retratando o trabalho das bordadeiras do São Francisco.
Realmente um trabalho que merece ser conhecido, apreciado, divulgado e que inspira muito!!!
Abaixo registro uma poesia do Antonio Vieira que ela recita no álbum, cuja reflexão se faz absolutamente necessária.
" A nossa poesia é uma só
Eu não vejo razão pra separar
Todo conhecimento que está cá
Foi trazido dentro de um só mocó
E ao chegar aqui abriram o nó
E foi como se ela saísse do ovo
A poesia recebeu sangue novo
Elementos deveras salutares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo

Os livros que vieram para cá
O Lunário e a Missão Abreviada
A donzela Teodora e a fábula
Obrigaram o sertão a estudar
De repente começaram a rimar
A criar um sistema todo novo
O diabo deixou de ser um estorvo
E o boi ocupou outros lugares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo

No contexto de uma sala de aula
Não estarem esses nomes me dá pena
A escola devia ensinar
Pro aluno não me achar um bobo
Sem saber que os nomes que eu louvo
São vates de muitas qualidades.
O aluno deveria bater palma
Saber de cada um o nome todo
Se sentir satisfeito e orgulhoso
E falar deles para os de menor idade
Os nomes dos poetas populares"

Relatos do cotidiano - A Farmácia

Ontem fui comprar alguma coisa na farmácia perto de casa, Promofarma da Av. Água Fria.
Assim que me dirigi ao caixa um rapaz bem novinho me atendeu. Ele era super simpático, fora dos padrões normais da simpatia comercial, me sugeriu o mesmo remédio por um preço melhor e estava tudo num clima feliz.
Ainda nesse diálogo aparentemente humano, ele disse:
- Nossa, você tá abatida? Tá cansada, trabalhou muito?
Confesso que na hora tive uma reação de surpresa, afinal estava me sentindo tão bem, quase pedi um espelho pra ver se estava pálida. Fiquei pensando qual era o motivo de estar abatida e disse:
- Ah, deve ser o trânsito...
Depois de mais algumas trocas de frases ele soltou:
- Nós temos uma vitamina muito boa para estresse, na promoção.
Imagino que fiquei com a aparência um pouco transfigurada, como se tivesse caído a ficha da minha ingenuidade. Disse:
- Não. Não quero vitamina.
O rapaz foi insistente e inconveniente, começou argumentar sobre os poderes da tal vitamina e disse como se fosse uma grande vantagem que "ela nem engordava".
Eu tive que ser incisiva com ele e pontuar que não precisava e não queria vitamina nenhuma. Mesmo assim ele ainda tentou perguntar se eu costumava ter dores de cabeças porque havia um remédio incrível e barato...

Foi inacreditável!!! Primeiro o cara quase me convence que eu estou doente, depois quer me fazer consumir substâncias químicas a qualquer preço. Onde vamos parar?
Sei que essa ética de mercado está colocada na televisão, no cotidiano, nas lojas, revistas, dentre outros, mas nunca havia vivido essa situação com um atendente de farmácia.
Interessante como a contradição se coloca e cada vez mais a gente assiste e vive os caminhos paralelos ou opostos da sociedade.
Por outro lado, o que me deixa mais feliz é saber que muita gente já consegue enxergar isso!