terça-feira, abril 24, 2007

Merije...par de luas!


FELICIDADE É UMA VIAGEM


se felicidade é uma viagem

eu tô fazendo a coisa certa

tô seguindo o meu caminho

de coração e cabeça aberta

sem hora para chegar

apreciando a paisagem

fazendo o melhor que eu posso

pra não ficar na saudade

porque felicidade é uma viagem

não tem idade

não é bobagem

é só uma viagem


Wagner Merije


www.myspace.com/coletivouniversal




segunda-feira, abril 23, 2007

OGUNHÊ, Salve Ogum! - 23 de abril


Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima dos seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa.

A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos, tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora mais forte.

Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, de computação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.

Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo Pierre Verger. Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.

Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. Não tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.

Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

Características dos Filhos de Ogum

Não é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto.

Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.

terça-feira, abril 17, 2007

“Tá lá o corpo estendido no chão...”

Ainda não era nem meio-dia, a manhã não tinha sido das melhores e minha cabeça tinha um turbilhão de coisas passando.Terremotos, tratores e procura de caminhos.
Como nosso corpo não é desconectado, fragmentado, despedaçado, se a cabeça estava nesse estado os outros órgãos caminhavam para sensações desgostosas. Náusea no aparelho digestivo. Pele opaca. Coração disritmado. Respiração curta. Olhos embaçados  Pés grandes para o tamanho do calçado.
Meio a tudo isso um trânsito fora do habitual também emperrava o movimento. Emperrava meu movimento, o movimento da via pública e de todos ao meu redor. Emperraromovimento.
Aí eu olho pra compreender o motivo do amontoado de carros e vejo um carro de polícia. Por detrás desse sinalizar está lá...
tá lá o corpo estendido no chão..”
A polícia civil faz a perícia. Uma moça de luvas vai retirando tudo dele ....pera aí, pera aí..
SÓ UM MOMENTO DE REFLEXÃO: tudo o quê? Se ele não tinha nada.

Voltando.
Era um homem, negro, magrelo, sem camisa, cabelo com nuances brancas, devia ser um pai de família, sim devia.
Pra mim não importou naquele momento se ele roubou, matou, fez uso de substâncias toxicas, estelionatou, poluiu o ar...Pra mim só valia pensar nas pessoas que mantinham algum tipo de afeto por aquele homem.
Uma vida. Uma porra de uma vida a menos na calada da noite paulistana.
Uma vida a menos no país, na América do Sul, no mundo, no universo.
Uma porra de uma vida a mais nas estatísticas criminalistas.
Sim! Essa garantia ele tinha...de entrar para as estatísticas!!!
Que cotidiano é esse?
Onde nós temos que respirar fundo e se convencer que é muito natural esse tipo de acontecimento. Afinal as ciências políticas, sociais, humanas, globais, todas as ciências do mundo podem explicar tal fenômeno em no máximo duas laudas.
Eu, como educadora, parte do átomo social de intelectuais da sociedade peço desculpas.
Me desculpem estimados companheiros, me desculpem, mas ainda sou humana!
HUMANA. O que é isso? Gostaria que vocês respondessem!
Gostaria de como humana, tragar um vinho, colocar uma meia luz e entre cores filosofar sobre isso.
Será que isso é inadequado? É burguês? *******
Será que a família chorou a morte dele? Ele tinha família?
Será que perante a justiça dos homens ele mereceu essa morte?
Será que era carma? Será que era trabalho feito? Talvez era uma questão de mapa astral...

Não consigo achar uma explicação simples para um homem, um ser humano...matar outro igual. Sou burra?
Sou sensível? Já sei, sou dramática...claro, muito dramática!

Mas passei o dia tentando digerir aquele corpo no chão. Aquele impedimento de se movimentar.
Ele não podia se mover, claro, estava morto. Nós, rotineiramente, passando ao redor, tivemos nosso ritmo diminuído...mas.........um segundo.....mas...digo......continuamos a caminhada......
mas............cada dia......só um segundo....pera aí....
já volto....então.....cada dia acontece alguma coisa....opa...em algum canto do mundo...¨¨¨¨
que faz a gente diminuir em alguma coisa....
E aí resta a arte....a arte que denuncia, elabora, anuncia....
Mas não quero a arte como resto..........
...

Somos um coletivo...ou não somos???
# ????...::::;;;; "" _|||\\\\...!!!....:(

terça-feira, abril 10, 2007

Crônica dos dias que correm

O que foi feito com os dias compridos das crianças?! Quando eu era pequeno, mesmo quando acordava tarde, os dias eram fontes inesgotáveis de ações e pensamentos. Tudo cabia com folga nos dias lentos que acendiam a minha infância. Dava para dar muitas voltas no mundo inteiro.
O mundo inteiro era a minha rua e a rua onde minha avó morava. Numa única manhã, eu podia fazer o que hoje levaria meses. Eu brincava com Samantha, uma vira-lata pequena e alegre, guarda-costas inseparável que, se não me protegia dos perigos reais, era meu dragão protetor no universo que eu inventava. Depois de alegrar Samantha, “viajava” de bicicleta, pois no final da minha rua ficava a cidade de São Paulo, com seu trânsito congestionado, sua gente educada, que jamais se esquecia de agradecer a viagem segura de volta promovida por mim.
De São Paulo, seguia imediatamente para o Rio de Janeiro, entrava no Maracanã lotado, o Zico me dava a camisa dez e ficava com a oito, ao meu lado. Ah, como era emocionante ver a torcida rubro-negra gritando meu nome: “Charles Maravilha, nós gostamos de você!” O juiz apitava o início da partida, Zico tabelava comigo, eu driblava dois adversários, devolvia pra ele, que, habilidoso, passava a bola pelo meio das pernas do zagueiro e cruzava na área pra eu completar de cabeça, de voleio, de bicicleta, ou então, matar no peito, driblar o goleiro, estufar a rede e correr para a torcida carioca, enlouquecida com o craque que eu era!
Mais tarde, no vestiário, eu brincava com as bolhinhas de sabão que escorriam pelo azulejo do banheiro. Minha mãe batia à porta, dizia que era pra economizar luz, me apressar com o banho, mas o que era pressa naqueles tempos? Quando os dedos estavam murchos, era a hora de desligar o chuveiro. Então, deslizava a toalha sobre meus vinte e poucos quilos e enquanto aguardava meu pai para o almoço, observava curioso o tráfego eterno das formigas, que por um esforço conjunto com o Governo Federal, abriram a BR Fome Zero, que ligava a cozinha da minha mãe ao castelo suntuoso onde moravam dezenas de milhares de saúvas.
Férias de três meses, para a criança que eu era, equivalia mais ou menos a três anos-adultos com sol, seis com chuva! Os minutos imitavam as formigas em ordem e demora. Mas as formigas-minuto não chegavam a lugar algum, porque ficavam dando voltas e mais voltas no mesmo lugar. Por isso, o formigueiro-relógio não prosperava como o das saúvas. O sol fazia com as nuvens daquelas tardes um âmbar de ternura tão profunda que apenas os avós conseguem reproduzir quando olham seus netos crescerem sob a luz tênue dos fins de tarde que ainda se despedem... Adeus, Souza, Silva e Silveira! Adeus Fantin, Girardello, Orofino! Adeus Gómez, Canclini, Barbero! Adeus Bourdieu, Morin, Deleuze! Adeus crianças de outrora!
A grande novidade do final do século XX não foi a Engenharia Genética, a exploração espacial, a Física Quântica. Também não foram as tecnologias, Telemática, Robótica, Informática! O que marcou de forma definitiva a humanidade neste período foi o surgimento de uma nova família: os “Não Tenho Tempo!”, assim mesmo, com exclamação no final. Dona de todos os cartórios de registro espalhados pelo mundo inteiro, essa família promoveu uma verdadeira revolução na árvore genealógica de quase todos indivíduos inseridos nas sociedades capitalistas. Foi com muito estranhamento que recebi o telefonema de meu pai dizendo que não viria para meu aniversário. E se o sobrenome do meu pai mudou, o meu haveria de mudar também. Foi assim que comecei a perder estréias de filmes, peças teatrais, lançamentos de livros, simpósios, defesas de mestres e doutores. É mesmo assustador ver a minha nova assinatura na carteira de identidade: Charles Não Tenho Tempo!
Fiquei pensando nos problemas oriundos de relacionamentos sangüíneos entre indivíduos de uma mesma família. Mas o tempo é pródigo em resoluções: à nova família, novas famílias. Foi na Biblioteca que me dei conta de que, junto aos livros de “Gilka Não Tenho Tempo!”, fulguram também os livros da “Maria Isabel Vamos Combinar Qualquer Hora!”, da “Ingrid Se Der Eu Vou!”, da “Mônica Qualquer Coisa A Gente Se Liga!”; enfim, um fenômeno curioso que merece ser pesquisado.
E a coisa parece acelerar de tal maneira que não há mais garantia alguma de que os filhos recebam o sobrenome dos pais. Minha namorada, Raquiane Me Esqueci Completamente!” e sua filha, “Juliane Deixa Aí Que Depois Eu Faço!”, atestam essa anomalia. Também os irmãos não têm mais o mesmo sobrenome. Minha irmã agora se chama “Denise Não Vai Dar De Jeito Nenhum!” e meu irmão, “Rodivelson Como É Que Eu Posso Estar Em Dois Lugares Ao mesmo Tempo?!”
Talvez algumas crianças continuem compondo dias compridos. Talvez tenham tempo para dar várias voltas ao mundo inteiro numa única manhã. Talvez algumas dessas crianças ainda vejam nas formigas uma forma de entretenimento. A verdade é que eu cresci e me tornei mestre em Educação. Essa noite sonhei que havia aberto um jardim de infância. Como sempre faço com as coisas que amo, quis ver esse jardim de longe, por isso atravessei a rua e, num misto de felicidade e tristeza, observava as letras coloridas que compunham o nome da minha empresa: Jardim Calma, Pai, Calma, Mãe!
Meu amigo Professor Charles (mestrando em Educação e Comunicação)

segunda-feira, abril 02, 2007

AS CIDADES EM MIM

As cidades moram dentro de nós
Minhas esquinas apontam possibilidades
Algumas tem mais céu, outras tem mais terra
Têm estradas mais longas que me levam ao mar
As cidades tem luzes dentro de nós
As vezes são luzes que ofuscam a visão
Outrora luzes que colorem nossos membros
Em vezes especiais há luzes que iluminam nossos olhos

Tenho cidades dentro de mim
Os bairros das cidades apontam diferentes endereços de mim
Os mapas da minha cidade tem garagens
As garagens das minhas cidades internas
guardam as escolhas de meu destino
Quando meu destino fica embaçado
eu pego minha flanela
Minha flanela sempre limpa as
janelas dos destinos das garagens
dos bairros das minhas cidades