Ontem fui comprar alguma coisa na farmácia perto de casa, Promofarma da Av. Água Fria.
Assim que me dirigi ao caixa um rapaz bem novinho me atendeu. Ele era super simpático, fora dos padrões normais da simpatia comercial, me sugeriu o mesmo remédio por um preço melhor e estava tudo num clima feliz.
Ainda nesse diálogo aparentemente humano, ele disse:
- Nossa, você tá abatida? Tá cansada, trabalhou muito?
Confesso que na hora tive uma reação de surpresa, afinal estava me sentindo tão bem, quase pedi um espelho pra ver se estava pálida. Fiquei pensando qual era o motivo de estar abatida e disse:
- Ah, deve ser o trânsito...
Depois de mais algumas trocas de frases ele soltou:
- Nós temos uma vitamina muito boa para estresse, na promoção.
Imagino que fiquei com a aparência um pouco transfigurada, como se tivesse caído a ficha da minha ingenuidade. Disse:
- Não. Não quero vitamina.
O rapaz foi insistente e inconveniente, começou argumentar sobre os poderes da tal vitamina e disse como se fosse uma grande vantagem que "ela nem engordava".
Eu tive que ser incisiva com ele e pontuar que não precisava e não queria vitamina nenhuma. Mesmo assim ele ainda tentou perguntar se eu costumava ter dores de cabeças porque havia um remédio incrível e barato...
Foi inacreditável!!! Primeiro o cara quase me convence que eu estou doente, depois quer me fazer consumir substâncias químicas a qualquer preço. Onde vamos parar?
Sei que essa ética de mercado está colocada na televisão, no cotidiano, nas lojas, revistas, dentre outros, mas nunca havia vivido essa situação com um atendente de farmácia.
Interessante como a contradição se coloca e cada vez mais a gente assiste e vive os caminhos paralelos ou opostos da sociedade.
Por outro lado, o que me deixa mais feliz é saber que muita gente já consegue enxergar isso!
3 comentários:
Rô, essas inquietações já me ocorreram também, com menos gravidade que no caso da farmácia...foi numa loja de roupas masculinas, mas meu organismo não estava em risco como no teu caso. Mas o jogo é o mesmo, no capitalismo e no consumo o diabo é bonito e sedutor e sempre te apresenta um creminho bárbaro que vai mudar sua vida...
Marcos
Rô, da próxima, faz o que eu disse: dá uma de louca.
Começa agradecendo pela observação da pessoa e em seguida joga a batata pra ela. Assim, no caso da farmácia, diz que você observou que a pessoa é quem está com os olhos fundos, além do tom de pele meio amarelada. Fala que bom é chá. Recomenda alguma coisa meio doida, tipo capim e não esquce de pedir pro animal mastigar.
É só uma sugestão...bjs
"Recomenda alguma coisa meio doida, tipo capim e não esquce de pedir pro animal mastigar" he he achei engraçada essa colocação, mas acredito que se fosse um farmaceutico não teria feito isso, e muito menos cairia na brincadeirinha, afinal ngm estuda 6 anos pra sair comendo capim como um doido recomendou rs, o problema do mercado é querer mão de obra barata ao invés de qualificada, o balcão de farmácia é tratado com muito desdém como se fosse algo que qualquer um pudesse "operar", porém, um colirio que usado (depois de aberto) por mais de um mes pode causar sérios danos, enquando a pessoa cre na data de validade do frasco. É o preço que pagamos pelo capitalismo, além do mais que, se vc tiver uma visão socialista é melhor guardar em 7 chaves pq será recebido "as pedras", realmente o fato é que devemos estar atendos, até mesmo médico (que deveriam ser profissionais sérios) tentam persuadir os pacientes para comprar o remédio de um determidado laboratório, enquando os remédios genéricos são exatamente iguais aos de "marca", portanto o fato é; não se torne um alienado, pq uma hra ou outra o preço a pagar é caro, discutir opniões é muito importante, mas mais importante que isso é orientar-se!
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